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A Sharp entrou na corrida pelo 8K?

Em 2017 a Sharp surpreendeu o mercado mundial com um anúncio inesperado e intrigante: Uma câmera com resolução 8K (7680×4320 pixels) e gravação interna para uso em estúdios de TV e externas. O modelo faz parte de um “ecossistema 8K” desenvolvido pela companhia, que inclui telas e outros componentes. Logo surgiram dúvidas sobre a solidez da proposta, afinal, a empresa sequer tem tradição no fornecimento de soluções para o mercado broadcast.

 

Bem, existem algumas respostas para a estratégia que está sendo apresentada em eventos como o Media Production Show, que será realizado nos dias 12 e 13 de junho, em Londres.

 

Primeiro é bom lembrar que a Sharp foi comprada há cerca de dois anos pela chinesa Foxconn, passando a compor um conglomerado ainda mais rico e ambicioso. Segundo, o hardware usado na câmera 8C-B60A 8K também tem aplicações em segmentos industriais, de segurança e saúde, e propor o uso do 8K nas produções televisivas é apenas uma das formas de dar visibilidade ao negócio. Finalmente, há um interesse específico nos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, que terão grande parte da produção em 8K. Ali será o momento de deixar claro aos consumidores a sua autoridade na tecnologia, da câmera às telas domésticas.

 

Para chegar a esta autoridade ela está se apoiando no trabalho de outras empresas do mercado broadcast, como a Astrodesign, uma reconhecida fabricante japonesa e parceira da emissora pública NHK no desenvolvimento de soluções para 8K. Ela tem protótipos e modelos prontos de câmeras, monitores, gravadores e conversores há mais de 5 anos, mas seguia presa ao seu nicho. Agora, ao lado de uma empresa capitalizada, de alcance global, as suas tecnologias serão embarcadas e produtos para todos os públicos.

 

Na linha mais tradicional – não podemos esquecer – a Sharp já dispõe da tela 8K HDR LV70X500E com 70 polegadas, vendida no mercado europeu ao preço de 12 mil Euros. O modelo já está disponível desde outubro passado no Japão, onde as transmissões 8K via satélite começam neste ano.

 

A câmera 8C-B60A 8K também está operacional, chegando aos primeiros clientes por US$ 77 mil. Ela usa um grande sensor CMOS, semelhante ao formato Super 35mm e com 33 milhões de pixels. As imagens são capturadas em 8K a 60 frames por segundo e gravadas em um cartucho SSD de 2 Terabytes (Astro SSD Pack MM 210), com capacidade de 40 minutos. Já o sinal sem compressão ao vivo pode ser retirado através de quatro conexões de 12 Gbit/s. A próxima geração receberá um novo cartucho interno para 80 minutos.

 

Uma questão curiosa desta câmera, é que apesar de ser promovida como modelo broadcast, ela usa adaptador para lentes com bocal PL, tradicional na indústria do cinema. A escolha cobre a inexistência de modelos tradicionais (B4, por exemplo) compatíveis com um sensor tão grande.

 

Outro ponto a destacar é o uso do Codec HQX desenvolvido pela Belden Grass Valley para gravar os arquivos. Nos testes realizados pela Astro, ele demonstrou os melhores resultados para arquivamento e edição ao trabalhar em 7680×4320 pixels com 60p, 10-bit, espaço de cor de 4:2:2 e taxa de dados de até 768 Mb/s no sistema Edius – algo notável quando consideramos a compressão aplicada aos frames.

 

Apesar de parecer sem aplicações práticas imediatas, a expectativa da Sharp é oferecer uma câmera para transmissões ao vivo via internet, assim que o 5G estiver disponível. Uma das demonstrações da turnê pela Europa ao lado da tela 8K HDR será no Media Production Show 2018, realizado nos dias 12 e 13 de junho, em Londres. A VID VOX acompanha o evento e trará todas as informações nos canais e redes sociais.

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