Artigos Distribuição

Satélites de alto desempenho levam distribuição de mídia a um novo patamar

Satélites de alto desempenho levam distribuição de mídia a um novo patamar

A ITU (União Internacional de Telecomunicações) tem muitos papéis, mas nenhum mais importante do que coordenar e regular o uso de radiofrequência em todo o mundo, o que inclui bandas de frequência usadas para serviços terrestres e de satélite.

 

A ITU enfrenta muitos desafios, mas um dos principais é viabilizar a próxima geração de serviços de satélite, o que trará novas e excitantes opções para operadores e usuários. A transmissão via satélites geoestacionários manterá o uso generalizado e será a principal fonte de receita para as operadoras de satélites no futuro previsível. Mas a evolução da tecnologia nos próximos anos também oferecerá a possibilidade de novos serviços por meio de satélites geoestacionários “very high throughput satellites (VHTS)” e “multispot”.

 

Além disso, haverá novos satélites não geoestacionários, de órbita baixa e média (LEO/MEO), de diferentes tamanhos e capacidades. No geral, é provável que haja grande concorrência por serviços. As forças do mercado reduzirão os custos do serviço. Além disso, futuros terminais de usuários alcançarão um maior grau de flexibilidade e custos menores.

Esse ambiente competitivo não será apenas bom para operadores e provedores de serviços, ajudará também as organizações a fornecerem serviços para várias regiões. Além disso, reduzirá o número de empresas intermediárias para viabilizar estas operações.

 

A nova era da produção de notícias via satélite

Nós podemos esperar que os milhares de canais de TV via satélite continuem a responder por uma parte importante na distribuição de mídia para o consumidor, mas a chegada dos satélites VHTS e não geostacionários abrirá as portas para novos serviços e mercados. Como exemplo, através deles surgirá uma nova era na produção de notícias via satélite”.

 

Hoje as notícias chegam aos estúdios de várias maneiras. Uma delas, que é complexa e cara, quando o local permite, é usar uma unidade móvel de transmissão com micro-ondas, fibra ótica ou outro link. Outra possibilidade, amplamente utilizada, é baixar ou transmitir o vídeo de uma reportagem via Internet móvel. Os repórteres usam as “mochilas de comunicação” ou “mochilinks” e as melhores conexões locais de Internet móvel disponíveis onde eles estão localizados. Se estiver disponível, hoje eles usarão uma conexão de Internet de banda larga móvel “4G”. Mas existem limitações.

Como com todas as conexões com a Internet, a taxa de bits que pode ser usada é limitada pelo número de usuários simultâneos a qualquer momento. A entrega pela Internet pode ser limitada por congestionamento e “contenção”.

 

O que o futuro pode trazer

O futuro pode trazer a internet móvel “5G” com melhorias significativas. Mas levará tempo para ser implantado. O 5G oferece a promessa de taxas de bits muito mais altas do que 4G, e assim fornecerá links com taxa de bits mais consistentes para os repórteres usarem. Mas tais serviços 5G provavelmente estarão disponíveis principalmente em áreas urbanas e não em áreas rurais, embora redes dedicadas em locais específicos, como estádios esportivos, possam ser possíveis.

 

A produção de notícias exige disponibilidade a qualquer momento, em qualquer localização geográfica. Assim, em áreas carentes, provavelmente serão necessários outros mecanismos além da internet móvel para o envio de notícias ao estúdio.

 

Os satélites cobrirão grandes áreas geográficas e, portanto, poderão ser acessados de locais rurais e urbanos. Transmissores e antenas de satélite para repórteres serão pequenos e leves, estando disponíveis para enviar contribuições através das bandas Ku e Ka, onde os satélites HTS e VHTS estiverem disponíveis.

 

Naturalmente, haveria limitações – tais terminais poderiam ser mais caros que os terminais de Internet móvel, e os links de satélite podem estar sujeitos a perda de sinal por conta da chuva em algumas regiões. Mas ter os terminais capazes de operar em múltiplas bandas (ou seja, banda C e banda K) minimizará as limitações que a chuva pode causar.

 

A banda C é menos sensível a este problema. O uso do HTS para o serviço de banda C melhoraria o desempenho geral em condições climáticas extremas e técnicas de espectro de dispersão poderiam ser usadas para limitar a interferência a satélites adjacentes ou a quaisquer serviços terrestres usando a banda C. Tais sistemas podem reduzir o “custo por megabit” e garantir uma boa disponibilidade de serviços em locais onde a transmissão pode ser prejudicada pela chuva.

 

Os sistemas também usariam os sistemas de modulação de radiofrequência (RF) mais avançados e terminais de arranjo aéreo totalmente digitais. Os resultados seriam conjuntos de sistemas de apontamento automático compactos e leves, que poderiam ser operados apenas pelo jornalista, sem ajuda especial.

 

Em resumo, devido à cobertura global de diferentes constelações de satélites, geoestacionários e não geoestacionários, a futura presença onipresente de uma infraestrutura de satélite permitirá que jornalistas e quaisquer outros operadores profissionais, de serviços de segurança a equipes de proteção civil, enviem conteúdo multimídia em tempo real.

 

Coordenação de novas redes HTS é um desafio para a UIT
O Setor de Radiocomunicações da UIT (UIT-R) tem desempenhado um papel crucial por muitas décadas na organização de uma regulação justa dos serviços de satélite. Um dos desafios para a entidade será a coordenação de novas redes HTS nas bandas C e Ka, que são bandas “não planejadas”. Já existe um grande número de solicitações para diferentes tipos de satélites GEO e não-GEO.

 

Outro desafio será assegurar os direitos necessários nos vários países cobertos por determinados satélites, o que deve ser feito país a país. Para os serviços HTS, as restrições transfronteiriças podem ser muito limitadoras, em particular nos mercados em que os serviços locais precisam de licenças “adequadas”.

 

A evolução positiva de novas tecnologias e serviços relacionados só será possível se uma estrutura regulatória “de fácil acesso” for implementada. Este é o nosso pedido à UIT. Regimes de autorização geral, combinados com processos de registro automáticos e certificados, serão importantes para garantir o bom funcionamento dos serviços sem gerar interferência para outros serviços terrestres e de satélite operando nas mesmas faixas de frequência.

 

Poderia, por exemplo, ser criado um servidor de registro central da ITU onde cada terminal poderia se registrar, fornecendo um número necessário de parâmetros (incluindo os detalhes de licenciamento)? Quando um terminal entra em operação, ele autentica e fornece os principais parâmetros locais (certificando a posição e outras informações úteis).

É importante que o espectro adequado esteja disponível para operações de satélite. Em particular, as faixas Ka e C devem permanecer acessíveis para fornecer estabilidade regulatória para investimentos atuais e planejados em serviços de satélite inovadores. O desafio é grande, mas os homens e mulheres da ITU certamente se elevarão para enfrentá-lo.

 

 

Antonio Arcidiacono é Diretor de Tecnologia e Inovação da União Europeia de Radiodifusão. Este artigo foi publicado originalmente pela União Internacional de Telecomunicações

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

× Fale com a VID VOX